Suicídio e psicanálise
Uma leitura geográfica a partir das ocupações no mercado de trabalho
DOI:
https://doi.org/10.53455/re.v5i1.229Palavras-chave:
Efeitos Coletivos das Desigualdades em Saúde, Saúde da População, Saúde Mental, EmpregoResumo
Contexto: O suicídio é um fenômeno social complexo, multifacetado e um indicador indireto do estado de saúde de uma população. A ligação entre suicídios e ocupações é uma questão antiga na literatura científica. O trabalho é fundamental para entender o processo de produção do espaço e do território, pois é por meio dele que o homem constrói suas relações sociais. O trabalho teve como objetivo subsidiar a reflexão sobre a construção social do suicídio como um problema de saúde pública, interpretando-o a partir de uma abordagem multidisciplinar. Metodologia: Realizou-se revisão narrativa de literatura, em busca de aportes teóricos sobre o suicídio na ciência geográfica e na psicanálise. Resultados: Os resultados demonstraram as implicações da precarização das relações de trabalho na saúde mental. O resgate de estudos em Geografia sobre o tema reforçou que o espaço geográfico desempenha um papel importante na compreensão da dinâmica social, pois reflete as vulnerabilidades que podem desencadear sofrimento psíquico e, em casos extremos, levar a atos suicidas. Diante da multifatorialidade do suicídio, estudos mais verticalizados são necessários para compreender de forma holística as relações entre o contexto ocupacional, o espaço geográfico e a saúde mental, para que políticas públicas sejam alinhadas para a promoção de relações de trabalhos mais dignas.
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