NOWCASTING: ANÁLISE DO
SISTEMA DE
MONITORAMENTO E ALERTA
DA DEFESA CIVIL DO ESTADO
DE SANTA CATARINA
Estrabão
Vol(2):157169
©The Author(s) 2021
DOI: 10.53455/re.v2i.38
André Francisco Pugas
1,2
and Adriano Vitor
2
Resumo
Os sistemas de alertas podem ser considerados como uma das principais medidas não estruturais
de preparação a desastres naturais. A ocorrência de eventos climáticos extremos estão se tornando
cada vez mais comuns, principalmente dentro do contexto catarinense. Diversos estudos indicam
que tais fenômenos estão associados com os efeitos das mudanças climáticas e o efeito antrópico
no ambiente. Diante dessas premissas, a pesquisa visa analisar como o sistema de alerta
de desastres da defesa civil, Nowcasting, realiza a produção dos alertas a população diante
os fenômenos hidrometeorológicos. Nesta pesquisa de natureza aplicada, será utilizado uma
abordagem qualitativa com o objetivo descritivo do sistema de alerta catarinense utilizado nos
procedimentos técnicos documentais; Será identificado quais produtos e serviços meteorológicos
estão disponíveis para a emissão dos alertas, quais os critérios são utilizados para decidir a
comunicação dos alertas, quais foram os alertas disseminados no período de 2018 a 2021 e a
distribuição deles por município. É esperado que esta pesquisa possibilite propostas de melhoria
da ferramenta pela comunidade científica após uma análise qualitativa da produção dos alertas e
subsidiar aos municípios o conhecimento do risco hidrometeorológico inerente às suas regiões e a
disseminação das informações a nível local.
Palavras-chave
Sistema de alerta, eventos extremos, gestão de risco de desastres.
1 Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
2Programa de Mestrado em Clima e Meio Ambiente, Instituto Federal de Santa Catarina
Corresponding author:
Adriano Vitor, Programa de Mestrado em Clima e Meio Ambiente, Instituto Federal de Santa Catarina
Email:adriano.vitor@ifsc.edu.br.
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INTRODUÇÃO
De acordo com o Ipcc (2021), as mudanças climáticas afetarão diversas regiões do globo, algumas mais
do que outras, porém, nenhuma região ficará imune pelos impactos das mudanças climáticas. Esses
impactos podem resultar em enormes custos humanos e econômicos que superam em muito os custos
das ações de prevenção e preparação.
Em Santa Catarina, segundo Rodrigues (2020), somente no ano de 2020 o Estado foi impactado por
ciclones, tempestades, tornados, massas polares e sistemas atmosféricos. Tais eventos foram monitorados
por especialistas e meteorologistas de órgãos do poder público, como Epagri/CIRAM e Defesa Civil, com
o objetivo de compreender os fenômenos ocorridos e tomar medidas necessárias à preparação e mitigação
dos produtos deletérios resultantes desses fenômenos.
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do objetivo de desenvolvimento sustentável
(ODS) número 11 define que até 2030, é necessário reduzir significativamente o número de mortes e
pessoas afetadas por desastres naturais de origem hidrometeorológica e climatológica, além de diminuir
as perdas econômicas diretas causadas por esses desastres (Onub, 2015).
A Organização Mundial de Meteorologia (WMO) preconiza a necessidade de reduzir a perda de vidas e
bens causadas por desastres naturais e outras catástrofes relacionadas ao clima, além de preservar o meio
ambiente e buscar o equilíbrio no clima global para as gerações futuras de maneira sustentável, por meio
de sistemas integrado de monitoramento e distribuição de dados hidrometeorológicos (WMO, 2019).
O Marco de Sendai (Onua, 2015) estabelece a colaboração entre a comunidade acadêmica, instituições
públicas, privadas e comunidade em geral a níveis globais e regionais para desenvolver instrumentos e
ferramentas para redução do risco de desastres de maneira significativa para as mudanças climáticas,
proteção a biodiversidade, desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza, meio ambiente,
agricultura, saúde.
Neste sentido, os sistemas de alerta de desastres naturais, específicos ou multi ameaças, são
desenvolvidos justamente para realizar o monitoramento das condições climáticas e ambientais com
potencial deflagrador de algum tipo de desastre e alertar a população ou públicos específicos ao qual
tenham interesse em tais informações como os setores do agronegócios, forças de segurança e defesas
civis municipais (UNISDR, 2006).
Segundo Heffer (2013) diversas cidades têm destinado investimentos consideráveis no desenvolvi-
mento de sistemas de alerta para eventos climáticos extremos na América Latina, devido ao potencial
que estas ferramentas apresentam em preparar as pessoas e retirá-las do perigo em tempo hábil. Os
severos danos e perdas de vidas humanas são mitigados quando um sistema de alerta é implementado
adequadamente em se tratando de eventos extremos.
Embora a disponibilidade dos serviços meteorológicos tenha aumentado, ao mesmo tempo que
o número de instituições de monitoramento, eventualmente, as informações sobre riscos e prevenção não
chegam a toda população. Neste sentido, há necessidade de estratégias e instrumentos que possibilitem
a comunicação entre a população em situação de risco e gestores públicos (SORIANO e HOFFMANN,
2016).
É preciso fortalecer o conhecimento científico sobre a climatologia local, por meio de pesquisas
sistemáticas, observação do sistema climático e dos sistemas de alertas de desastres, de forma que
informações geradas por esses serviços apoie a redução do risco de desastres e a tomada de decisão
na disseminação dos alertas de desastres (CALSTER; REINS, 2021).
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No ano de 2016, por meio de um projeto piloto desenvolvido em parceria com a Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL) e a Defesa Civil do Estado de Santa Catarina, foi criado o Nowcasting.
“É um serviço gratuito de envio de mensagens de alerta de riscos de desastres e emergências por SMS,
serviço de mensagens curtas disponíveis aos aparelhos telefônicos móveis (SANTA CATARINA, 2020).
Diante disso, o objeto de pesquisa deste trabalho é analisar como ocorre o processo dos alertas de
desastres de origem hidrometeorológicos emitidos pelo Nowcasting da Defesa Civil no Estado de Santa
Catarina? Para isso, a pesquisa buscará identificar os produtos e serviços meteorológicos disponíveis
para a emissão dos alertas hidrometeorológicos e como ocorre o processo decisório para emissão
dessa informação à população. Também será realizado o levantamento dos alertas hidrometeorológicos
emitidos no período de 2018 a 2021, verificando a distribuição dos alertas por cidades e regiões.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Atualmente, existem diversas definições de desastres na literatura nacional e internacional. Contudo, até
o momento não existe um conceito universal de desastre o que prejudica a compreensão dos fenômenos e
os debates científicos sobre o tema, assim, gerando inúmeras dúvidas sobre quais fenômenos podem ser
associados a determinada definição. (FAVERO et al., 2014).
Segundo a United Nation Office for Disaster Risk Reduction (UNDRR, 2019) os desastres podem ser
definidos como uma perturbação do funcionamento de uma comunidade ou sociedade de maneira severa
independente da escala. As condições de exposição, vulnerabilidade e capacidade dessas comunidades
associado a interação de eventos perigosos acarretam em perdas e impactos humanos, materiais,
econômicos e ambientais.
Ainda assim, o desastre é o resultado da combinação de ameaças/perigo, condições de vulnerabilidade
e da insuficiente capacidade ou medidas para reduzir as consequências negativas e potenciais do
risco (Trajber, Olivato, & Marchezini, 2017). Em resumo, um desastre ocasiona danos e prejuízos às
pessoas de maneira direta e indireta. Atinge as fontes de alimentação, água, saúde (meio ambiente),
moradias, transportes, hospitais (infraestrutura) devido ao impacto de uma ameaça que ultrapassa a
capacidade local de responder e atender as consequências de maneira adequada.
Diversos pesquisadores acreditam que as mudanças climáticas estão influenciando a ocorrência e
impacto de desastres, principalmente porque o número e a gravidade dos desastres tem aumentado em
todo o mundo (Bouwer, 2010).
As mudanças climáticas ocorrem devido às variações naturais de baixa frequência, e por causa da alta
concentração constituintes de poluição atmosférica por meio de emissões antropogênicas de gases de
efeito estufa. O problema evoluiu consideravelmente nos últimos anos a ponto de se tornar uma questão
ambiental de grande relevância (Ipcc, 2021).
As percepções sobre o atual cenário das mudanças climáticas que estão ocorrendo, remete a reflexão
se tais efeitos são resultantes da forças naturais ou forçantes antropogênicas e se essas mudanças afetam
a frequência, intensidade ou a duração de vários desastres naturais (BLANK, 2015).
De acordo com Phillips et al. (2015) as opiniões sobre as mudanças climáticas bem como os efeitos
potenciais sobre os desastres naturais são inferidas pelo conhecimento tanto das mudanças climáticas
quanto dos desastres naturais. Deste modo, o nível de conhecimento sobre qualquer assunto pode ser
parametrizado pela perspectiva da população sobre a relação entre mudanças climáticas e desastres
naturais.
160 Estrabão (2)2021
Recentemente, no ano de 2021, chuvas extremas na Alemanha causaram diversas mortes por
inundação, considerada uma das mais devastadoras da história moderna da região europeia. Pesquisas
iniciais sugerem que o evento foi causado por tempestades consideradas extremas que se moviam
lentamente sobre a Europa central (Zscheischler, 2021). As mudanças climáticas contribuíram
para acelerar a evaporação e tem como forte hipótese aumentar a probabilidade de tempestades
lentas (Kahraman, Kendon, Chan, & Fowler, 2021).
De acordo com Herring et al. (2018) os eventos extremos são condições meteorológicas e climáticas
excepcionalmente severas com potencial impactos devastadores na sociedade e nos ecossistemas
agrícolas e naturais. Os eventos meteorológicos extremos, em regra, têm curta duração e podem ser
exemplificados como ondas de calor, congelamentos, chuvas torrenciais, tornados, ciclones tropicais e
inundações (Walsh et al., 2014).
Contudo, Lindsey (2016) explica que eventos climáticos extremos perduram por mais tempo do que
os eventos meteorológicos ou emergem do acúmulo de eventos meteorológicos que persistem por um
período mais longo de tempo. Neste sentido, a seca resultante de longos períodos de precipitação abaixo
do normal ou a eclosão de incêndios florestais quando um período prolongado de calor e seca segue uma
estação do ano de crescimento anormal úmida e produtiva.
Os desastres naturais estão cada vez mais presentes no cotidiano das comunidades catarinenses nas
últimas décadas. A frequência de eventos extremos aumentaram substancialmente juntamente com os
danos e prejuízos ocasionados pelos impactos cada vez mais intensos. Dos dez (10) municípios mais
atingidos por desastres no Brasil no período de 1991 a 2012, oito (8) municípios estão localizados em
Santa Catarina: Abelardo Luz, Canoinhas, Chapecó, Concórdia, Florianópolis, Joinville, Tangará e Seara
(UFSC/CEPED, 2013).
O Estado apresenta um grande número de eventos extremos e também pelo maior número de pessoas
atingidas. Dentre os quase 5.500 municípios do País, 70 são considerados os de maior incidência de danos
e dentro desse universo, o Estado catarinense contabiliza 34 municípios dentro dessa triste estatística
(CARDOSO et al. 2014). Grande parte de tais eventos extremos podem ser associados resultante das
mudanças climáticas.
Apesar dos impactos ocasionados pelos eventos extremos serem cada vez evidentes, as metodologias
para adaptar-se a esses impactos, o grau de nossa compreensão e capacidade de previsão variam
amplamente entre os diferentes setores e disciplinas (Sillmann, Sippel, & Russo, 2019).
Em consonância com a gestão dos riscos de desastres, os processos de informação, previsão,
comunicação e educação têm prestado suporte às políticas preventivas de maneira que as pessoas
convivam com o risco. Há uma tendência a promover e disseminar conhecimentos técnico-científicos
que possibilitem compreender os fenômenos naturais e identificar áreas de risco, bem como propor ações
de prevenção e resposta para reduzir os impactos de eventos extremos (SULAIMAN;ALEDO, 2016).
De acordo com United Nations Office for Outer Space Affairs (UNOOSA, 2020) é necessário haver
a colaboração através de produtos de informação como monitoramento via satélite, e outras tecnologias
disponíveis para gestão de desastres. A combinação desses recursos de observação do planeta realizado
por diferentes agências, permite o desenvolvimento de novas tecnologias e experiência integrada para
coordenar medidas para responder rapidamente a grandes desastres.
Como uma das formas de prevenção de risco a desastres é fundamental o desenvolvimento de sistemas
de alerta para eventos extremos. Estes sistemas têm a função de dar publicidade à informações do
andamento de uma possível ameaça a população, como também quais são as medidas adequadas que
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as pessoas devem adotar para promover sua autoproteção de forma mais segura e que gere menos
danos ou prejuízos (LUZ; FILGUEIRA, 2018).
De acordo com Basher (2006) o termo sistema de alerta é utilizado multidisciplinarmente, para
representar o fornecimento de informações sobre uma condições de perigo iminente, com vistas a adotar
medidas para reduzir os riscos envolvidos de maneira antecipada.
Atualmente, são reconhecidos diversos tipos de sistemas de alerta: geofísicos, biológicos, sócio-
políticos, industriais, riscos para a saúde pessoal e muitos outros riscos relacionados. Sorensen (2000)
reconhece que os sistemas de alertas são complexos devido ao envolvimento multidisciplinar do
conhecimento e das instituições e públicos envolvidos. Geralmente envolvem os campos da ciência,
governo, engenharia, iniciativa privada, tecnologia de informação, mídias televisivas digitais e a
população.
Dentro desse processo existem diversos tipos de dados, informações, conhecimento, especialistas,
stakeholders, profissionais, políticos, e cidadãos envolvidos. O monitorando das ameaças e a tomada a
decisão em relação a emissão dos alertas de potenciais riscos de desastres, normalmente são realizadas em
salas de controle, operada por profissionais qualificados para analisar as variáveis ambientais, reconhecer
as ameaças e vulnerabilidades, e disseminar os alertas como medida de preparação e resposta de
emergência (HORITA, et al., 2018).
A UNDRR (2019) caracteriza os sistemas de alertas de desastres como um sistema integrado de
monitoramento de ameaças, previsão e avaliação de risco de desastres. Além de realizar a comunicação
das informações e preparar as pessoas, comunidades, governos, empresas a adotarem medidas oportunas
para reduzir os riscos de desastres na iminência de eventos deletérios.
Ainda assim, os sistemas de alerta estabelecem atividades além da compreensão dos riscos existentes
como as de monitoramento e alerta. Quando se fala em monitoramento nos sistemas de alerta, os serviços
meteorológicos são o que mais frequentemente vem à mente e essa infra estrutura fornece as previsões
para a produção dos alertas (UNDP, 2018).
O monitoramento de potenciais ameaças é realizado por meio da coleta de dados e informações
para identificar condições propícias para a instalação de iminentes riscos. Este monitoramento visa
fundamentar a disseminação de alertas antecipados de possíveis ocorrência de desastres (Marchezini
et al., 2017).
Da mesma forma, os dados e informações quer sejam em relação aos aspectos físicos, quer sejam
associados à meteorologia, são analisados para a caracterização dos alertas como acumulados de
precipitação, descargas atmosféricas e temperatura do mar. Porém, é necessário também o acréscimo
de aspectos de vulnerabilidade, os quais não são objeto de monitoramento por parte dos sistemas de
alerta (KELMAN;GLANTZ, 2014).
Neste sentido, a UNDP (2018) define que o monitoramento é o ato de coletar informações em
conjunto as variáveis relacionadas ao risco, como chuva ou ondas sísmicas, feito por meio de observações
diretas. Entretanto, tais observações apresentam certa limitação devido ao ambiente caótico inerente à
proximidade das ameaças meteorológicas e limitando também a adoção de ações de redução de risco.
O termo previsão é muitas vezes considerado como uma expressão qualitativa de probabilidade com
o objetivo de determinar a responsabilidade ou culpa quando o evento crítico se instala. Isso se aplica
claramente a desastres, o que remete a importância dos serviços de monitoramento nos sistemas de alerta
(KELMAN;GLANTZ, 2014).
162 Estrabão (2)2021
Segundo Basher (2006) os meteorologistas utilizam o termo End to End para os sistemas de alerta que
realizam previsões e avisos mais relevantes e utilizáveis para a população em geral. Sistemas de alerta
baseados no método End-to-End tem como objetivo avaliar e gerenciar as ameaças por meio de previsões
como os perigos hidrometeorológicos, geológicos e eventos extremos, associados às mudanças climáticas
e variabilidade climatológica (UNOOSA, 2020).
No Brasil, o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) é responsável pela
sistematização dos alertas hidrometeorológicos e de riscos de movimentos de massa.Também realiza a
disseminação de boletins informativos sobre as possibilidades de eventos extremos (Brasil, 2021).
O CENAD analisa e gerencia essas informações com o objetivo de assistir os estados e municípios
do Brasil nas ações de preparação para desastres junto às comunidades mais vulneráveis. Este órgão é
coordenado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) e atua 24 horas por dia no
monitoramento de possíveis desastres no país (HORITA et al., 2017).
Ao mesmo tempo, de acordo com Marchezini et al. (2017), o Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) é responsável a nível federal por realizar o monitoramento
de desastres relacionados a enxurradas e deslizamentos, e ainda, realiza de forma compartilhada
o monitoramento de ameaças por outras agências federais: como a Agência Nacional de Águas (ANA)
em relação aos dados hidrológicos e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) prevê que as ações de proteção e defesa civil
sejam integradas e contínuas, no monitoramento dos eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos,
biológicos, nucleares, químicos e outros potencialmente causadores de desastres. Além de realizar a
produção de alertas prévios sobre a possibilidade de ocorrência de desastres naturais. (BRASIL, 2012).
A integração dessas ações representa a gestão colaborativa para a redução dos riscos de desastres no
Brasil e define a composição do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) com diferentes
órgãos públicos federais, estaduais e municipais.
Entretanto, em Santa Catarina, a partir de janeiro de 2017, os alertas de desastres são comunicados
por meio de serviço de mensagens curtas (SMS) pela Defesa Civil Estadual. Este projeto foi aderido por
alguns estados nos anos de 2018 e 2019 como Espírito Santo, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio
de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal (BRASIL, 2018).
Os serviços de alerta por SMS informam sobre a incidência de fenômenos meteorológicos relacionados
a inundações, deslizamentos de terra, granizo e tempestades de vento para os usuários deste serviço
gratuito. O usuário realiza a adesão do serviço enviando uma mensagem de texto para o número 40199
para receber o SMS gratuitamente, informando o Código Postal do local de interesse (Saito, Lima, &
Dias, 2019).
A Defesa Civil Estadual conta com o Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres
do Estado (CIGERD), localizado na capital do Estado, Florianópolis. Neste local é realizado
o monitoramento, previsão e disseminação dos alertas onde é possível visualizar, em tempo real, os
níveis de pluviosidade em determinadas regiões, focos de incêndio, velocidade dos ventos, a umidade
relativa do ar e também a temperatura média (Vazquez & Guimarães, 2018). A figura abaixo demonstra
sucintamente o sistema de alerta em Santa Catarina.
O processo integrado dos dados e informações produzidas pelo CIGERD pode determinar
o lançamento de um alerta. Profissionais de diversas áreas, como meteorologistas, hidrólogos,
geotécnicos e militares realizam presencialmente a análise dos dados 24 horas por dia.
Pugas and Vitor 163
METODOLOGIA
Nesta pesquisa de natureza aplicada, será utilizado uma abordagem qualitativa com o objetivo de
descrever o sistema de alerta utilizado pela Defesa Civil do Estado de Santa Catarina por meio de
procedimentos técnicos documentais.
Inicialmente, será realizado o levantamento dos produtos tecnológicos disponíveis à Defesa Civil para
realizar o monitoramento das condições climáticas. Esse levantamento será feito por meio de consulta
aos profissionais atuantes no monitoramento, meteorologistas e técnicos responsáveis pelo setor. Também
será realizada a pesquisa in loco da estrutura disponível, realizando registros fotográficos e a descrição
dos equipamentos e tecnologias disponíveis.
Em seguida, será realizada uma pesquisa documental nos procedimentos, processos e protocolos
vigentes na Defesa Civil, com o objetivo de compreender como ocorre o processo decisório da emissão
ou não de um alerta para determinada região diante os fenômenos hidrometeorológicos. Na sequência,
será realizado a consulta aos profissionais responsáveis por essa etapa, descrevendo como o processo é
desenvolvido para cada um dos fenômenos hidrometeorológicos.
Posteriormente, serão catalogados os alertas de fenômenos hidrometeorológicos emitidos no período
de 2018 a 2021. O banco de dados utilizados para tal pesquisa será da Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL), devido os alertas serem emitidos por meio da interface de divulgação
de alertas públicos (IDAP) utilizado pela Defesa Civil para a comunicação dos alertas por SMS e TV. E
ainda, será catalogado quais foram a natureza dos alertas emitidos dentro do período estipulado, conforme
a classificação dos desastres naturais estabelecido pelo Código Brasileiro de Desastres (COBRADE).
Após o levantamento dos dados dos alertas, emitidos pela Defesa Civil por meio do IDAP disponível
pela ANATEL, será realizada a classificação de quais alertas de origem hidrometeorológica foram
emitidos no período de 2018 a 2021, por cidades; Para essa classificação, será utilizado o COBRADE,
como elemento padrão para caracterizar o fenômeno hidrometeorológico.
A apresentação desses alertas será demonstrada por meio de tabelas e gráficos representando a
quantidade de alertas emitidos a cada cidade e quais fenômenos hidrometeorológicos as afetaram.
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Author Biographies
André Francisco Pugas Discente do Programa do Mestrado em Clima do Instituto Federal de Santa Catarina.
Adriano Vitor Docente do Programa de Mestrado em Clima e Meio Ambiente do Instituto Federal de Santa Catarina