
198 Estrabão (2) 2021
eles. Busca-se com isto, gerar indicadores objetivos que
auxiliem os profissionais da área de meteorologia na escolha
de modelos mais assertivos, a depender dos processos
que estiverem estudando. Em particular, será avaliada a
acuracidade dos modelos nas previsões dos eventos extremos
de precipitação, ondas de calor / frio, vendavais e ressacas
oceânicas ocorridos na região nos últimos cinco anos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Muitos estudos avaliativos de verificação destes modelos tem
sido realizados, a maioria dos quais, focados no modelos
de mesoescala de quinta geração do National Center for
Atmospheric Reserach (NCAR) da Universidade Estadual
da Pensilvânia (MM5; ) (Grell, Dudhia, & Stauffer, 1994).
Entre eles incluem-se as comparações com outros modelos
de várias regiões do mundo, tais como Colle, Westrick,
and Mass (1999), Nutter e Manobianco (1999), White et
al. (1999), Mass et al. (2002), Hong (2003), e Colle et al.
(2003a, b).
O trabalho de White et al. (1999) avaliou seis modelos
no oeste dos Estados Unidos durante a estação fria (Janeiro,
Fevereiro e Março) e demonstrou que ocorreu variação
considerável no viés de cada modelo. O estudo mostrou
que os maiores erros ocorreram nos modelos de previsão
que apresentavam maior resolução horizontal. Os resultados
também mostraram a necessidade de comparações multi
modelos, de modo a permitir identificar os erros e vieses
relacionados à física dos modelos e os benefícios e pontos
fracos em função do aumento da resolução.
Usando o MM5 com resolução horizontal de 4 Km, Hanna
e Yang (2001) avaliaram a performance do modelo num
período de 4 dias, comparando a velocidade e direção do
vento observadas a 10 m,acima da superfície do solo com os
resultados do modelo. Os resultados mostraram que o erro
médio (EM) e a raiz do erro quadrático médio (REQM) do
erro da velocidade média horária do vento foram de 1.5 e 2.5
m/s, respectivamente, para um intervalo de velocidades do
vento entre 2.8 m/s e 3.4 m/s. O EM e REQM foram de -2
graus e 66 graus, respectivamente. Eles sugeriram que estas
incertezas na velocidade e direção do vento foram causadas
principalmente por processos de turbulência randômicos, que
não puderam ser simulados pelos modelos, mesmo o com
variações nos terrenos e uso da terra.
Muitos estudos também têm focado em comparações entre
os modelos de previsão MM5 e NCEP Eta (ONCLEY E
DUDHIA 1995; MANNING E DAVIS 1997; ; COLLE
et al. 1999, 2000, 2003a; CHENG E STEENBURGH
2005) (White et al., 1999). Oncley e Dudhia (1995)
constataram que o aumento excessivo da umidade do solo nas
simulações levou a um viés de resfriamento durante o dia,
gerando aumento no fluxo de calor latente (resfriamento
evaporativo) e diminuição do calor sensível. Usando o MM5,
Manning e Davis (1997) demonstraram que o acréscimo
da porção de gelo nas montanhas, como condição inicial,
aprimoraram o viés de frio nas baixas altitudes durante o dia.
No que diz respeito a acuracidade da previsão de
precipitação, não se observa uma rápida evolução nos
últimos anos se comparada com a acuracidade de outras
variáveis meteorológicas (Olson, Junker, & Korty, 1995).
De acordo com os autores, os erros nas previsões
quantitativas da precipitação são resultados principalmente
das incertezas relativas as condições iniciais, resolução
horizontal insuficiente em regiões de topografia acidentada,
além de deficiências nas parametrizações dos modelos no
que diz respeito à microfísica e convecção.
Após estudar as previsões de precipitação no oeste
dos Estados Unidos utilizando MM5, Colle et al. (1999;
2000) Colle et al. (1999) mostraram que, durante a estação
fria, a acuracidade do modelo aumentou com a redução
espacial do grid de 36 para 12 km. Entretanto, a redução
adicional do grid espacial para 4 Km gerou baixo incremento
na acuracidade, exceto para chuvas pesadas, devido a
superpredição da precipitação nas partes altas dos terrenos.
Wang e Seaman (1997) chegaram a conclusão semelhante
em seus estudos de modelagem para ambos os grids de 12
e 36 km, utilizando o mesmo critério de parametrização
convectiva. Eles concluíram que usando a parametrização
convectiva com a grade espacial de 12 km houve melhora
na previsão da quantidade de precipitação, o que não ocorreu
com a grade espacial de 36 km.
Por outro lado, Gallus (1999) constatou que houve um
pequeno benefício na previsão da quantidade de precipitação
usando a parametrização convectiva, quando da redução da
grid espacial de 78 para 12 km.
METODOLOGIA
O projeto analisará os três modelos disponíveis no mercado
(WRF, Eta e BRAMS), do ponto de vista de funcionalidades
existentes e assertividade na previsão de fenômenos
climáticos em Santa Catarina. A escolha destes três modelos
foi baseada na disponibilidade de dados observados para a
área de estudo selecionada.
Metodologia utilizada será a seguinte:
(i)
descrição da documentação técnica disponível e versões
para instalação de ferramentas que utilizam os três modelos
citados para uso em ambiente de laboratório;
(ii)
instalação dos modelos na base computacional do
Laboratório de Meteorologia do IFSC;
(iii)
realização de testes estatísticos com os dados gerados
pelos modelos e, se aplicável, de parametrizações e demais
configurações dos modelos para a área selecionada;
(iv)
busca na base histórica de informações de clima
e fenômenos naturais em nosso estado, que possam ser
utilizadas para os testes de uso prático das ferramentas
escolhidas.
(v)
Avaliação de casos específicos.
.
CONCLUSÕES
Conclui-se que existem grandes variabilidades e incertezas
no uso dos modelos numéricos para a representação
e previsão dos processos atmosféricos, oceânicos e de
superfícies, sendo necessária análise detalhada e cuidadosa
para escolha do que utilizar, quando utilizar, com que
bases de dados, de modo que os resultados obtidos sejam
representativos e tenham acuracidade.
O produto final que será um relatório técnico, contendo as
funcionalidades existentes em cada ferramenta, procurando