Kovalski de Melo and Ribeiro 5
Estado da arte
Diante dos desafios de se compreender a floresta a partir das características, o mapa é uma ferramenta
estratégica. Como mencionado anteriormente, a amplitude do domínio do bioma da Floresta Atlântica,
faz da sua notável variação florística e fitofisionômica conforme apontam Galindo-Leal & Câmara (2005)
e IBGE (2018), elemento desafiador para qualquer processo de mapeamento. O gradiente da composição
florística pode ser entendido a partir das particularidades, onde a vegetação é resultado de uma interação
entre as espécies constituintes, solos, topografia, exposição da vertente e clima. Isto fica mais evidente
quando associados a diferenças fisionômicas em larga escala (SCARANO, 2002). Por outro lado, são
mais sutis em menor escala, quando estas particularidades topográficas passam a ser mais determinantes
(THOMAS et al. 2003).
Neste sentido, a biodiversidade da composição florística da mata atlântica além dos aspectos das
interações mencionadas, impõe também ao pesquisador, a necessidade de um poder de síntese das
informações levantadas, uma vez que o bioma Mata Atlântica é um mosaico de biomas (COUTINHO,
2006). Assim, a partir do conceito de bioma do IBGE (2018) que é a ocorrência de uma tipologia
vegetal característica, dominante em escala regional, os mapas de vegetação como produto de síntese
da localização, extensão e distribuição dos tipos de vegetação de uma dada região, recaem sobre o que
o Robinson (1960) apontou sobre a construção de um mapa. Segundo este autor, cada feição (da superfície
da Terra representada) tem que passar para o observador, uma boa percepção da realidade que o mapa
busca transmitir. Para que isto seja possível, é necessário selecionar os objetos que compõem o mapa,
simplificar formas e estruturas e respeitar critérios de importância relativa (ROBINSON, 1960) e dentre
os critérios, destaca-se o a generalização cartográfica. A generalização permite descrever a realidade
através de níveis de abstração diferentes e representar graficamente a informação considerada relevante
em uma certa escala. É um processo que depende fundamentalmente da escala e do objetivo do mapa.
As suas características variam de acordo com a escala cartográfica, os métodos e os tipos de imagens
utilizados, que determinam a definição dos padrões passíveis de serem mapeáveis (BOHRER, 2009).
Sobrepor algum dado generalizado sobre uma base detalhada, gera inconsistência da informação. Porém,
com as plataformas digitais, é possível melhorar o modelo de dados, inserindo informações mais
detalhadas e condizentes com escala desejada. Com a evolução tecnológica, percebe-se a melhoria
nas metodologias na obtenção de informações contidas em mapas temáticos. O caso emblemático é
o mapa de biomas do IBGE, configurado na escala 1: 5.000.000 (2004). A metodologia empregada
classificou a vegetação a partir de imagens de satélite Landsat, datadas entre 2001 e 2003, com resolução
espacial de 30 metros (IBGE, 2012). No entanto, em relatórios ambientais recentes, prefeituras apontaram
divergências entre base de dados e realidade. (JOINVILLE, 2018 e ITAPOÁ, 2019). O próprio IBGE
(2018) indica a necessidade constante do aperfeiçoamento deste produto, investir em detalhamento (dos
limites) tão logo fosse possível, até mesmo porque, desde a época de seu lançamento, o Mapa de Biomas
do IBGE (2004) vem sendo utilizado como instrumento para diversas políticas públicas e leis de proteção.
Embora o uso do emprego tecnológico tenha permitido ampliar a inferência das ocorrências de espécies
ou mesmo na determinação dos limites dos biomas, ressalta-se, há uma lacuna de informação (levando em
consideração o período 2003 a 2020) sobre as metodologias de levantamento fotogramétricos para estes
estudos ambientais, principalmente para os estudos da Floresta Atlântica Costeira em Santa Catarina.
Diante do amplo reportório de meios para se obter imagens aéreas, o uso de drones vem ganhando espaço
por sua versatilidade e custos acessíveis para diversas finalidades. Embora tenhamos o levantamento
aerofotogramétrico do estado de Santa Catarina (SDS, 2013), mas sem o fim especifico para identificação